quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

KISS: O BEIJO DA MORTE.



Quem não gosta de um beijo? Beijo na testa, no rosto, na mão ou na boca... Depende de quem o dá e de quem o recebe para determinar sua importância para nós. Todavia, com um beijo sela-se uma cerimônia matrimonial ou executa-se uma traição adúltera ou ainda uma traição de amizade como fez Judas com Jesus. Há beijos sinceros e falsos, dados ou vendidos, respeitosos e escandalosos... Há beijos de todas as espécies.

Assim como em português, a palavra inglesa KISS significa beijo. Eu poderia ter boas lembranças desta palavra de origem anglo-saxônica, afinal, em minha infância ouvia-se sempre o Rei do Rock and Roll, Elvis Presley cantar “kiss me quick”. Poderia também pensar na marca de bala Kiss, de delicioso sabor refrescante, mas, desgostei-me desta palavra quando ela tornou-se o nome da famosa banda americana de heavy metal Kiss formada em Nova York em 1973, conhecida mundialmente por suas maquiagens e por seus shows que incluem coisas exóticas como guitarras esfumaçantes e pirotecnias. Dizem alguns, não sei se é verdade, que a sigla do grupo significa Knights in satan service (cavaleiros a serviço de satanás). Se considerarmos que eles tem usado fogo e sangue além de uma enorme serpente mecânica e fortemente iluminada que no auge do show é reverenciada por todos, então, fica mais fácil acreditar no significado da sigla.

Tenho cá meus motivos para não gostar do nome e acrescento agora mais um motivo para não ter boas lembranças de Kiss: a tragédia da boate na cidade gaúcha de Santa Maria com um saldo funesto de 234 mortos e centenas de pessoas traumatizadas pelo resto da vida.

Dizem que a iminência e proximidade da morte fazem que seus sobreviventes tomem atitudes diferentes daí em diante, alterando sua escala de valores, referentes a pessoas e coisas. Para muitos, parece ser necessário ser vitimados por algum mal para que aprendam a valorizar a saúde e a vida.

Nosso país parece estar a reboque dos acontecimentos para tomar atitudes. Quase sempre não há ação, mas, re-ação aos fatos e tragédias. Por algum tempo as autoridades ficarão alerta sobre as normas de segurança de locais públicos, mas, até quando? 

Parece que é necessário haver tragédia para haver cumprimento da lei. É necessário que morra alguém importante para que uma estrada seja corretamente sinalizada? É necessário ver o cólera, a dengue ou a gripe H1N1 dizimarem centenas de pessoas para que nos tornemos mais precavidos, mais conscientes de nossa responsabilidade coletiva?

Quando houve aquela tragédia em uma escola do Rio de Janeiro, o assunto foi pauta para se vender notícia por mais de uma semana. Autoridades e especialistas vieram a público falar das providências que deveriam ser tomadas... E foram? 

As casas que deveriam ser construídas para que as pessoas fossem retiradas das áreas de risco no Estado do Rio foram construídas? Que nada!

Certamente que alguns discordarão veementemente de mim no todo ou em parte. Poderão até lembrar-me do famoso provérbio popular: antes tarde do que nunca... Eu posso afirmar que o tarde para aqueles mortos e suas famílias é nunca!

 A grande ironia é que a razão social da boate Kiss é: Santo Entretenimento Ltda. Este foi um maldito entretenimento escolhido por aquele grupo de pessoas naquela noite. Marcará para sempre a história da cidade de Santa Maria e de todas as famílias, amigos e colegas das vítimas. Mas há perguntas que precisam de respostas:

Ficamos chocados com a morte de 235 pessoas de uma só vez? Todavia morrem nas estradas brasileiras, em média, 100 pessoas por dia! Estradas e pontes mal cuidadas, cheias de buracos, curvas escorregadias, asfalto de péssima qualidade, motoristas irresponsáveis que confiam na impunidade, motoristas de uma enorme frota de caminhões que vivem diuturnamente sobre o volante à base de rebites, trazendo atrás de si cargas acima do peso permitido, num círculo vicioso que mata e aleija vidas e sonhos.

E se falarmos das pessoas assassinadas, vitimadas pela violência familiar, pelo tráfico de drogas? E os que morrem por falta de atendimento médico de urgência em nossos hospitais? E os idosos e crianças maltratados por babás e cuidadores sem escrúpulos? E as pessoas mutiladas pelo exercício ilegal e irresponsável das clínicas de estética e abortos clandestinos?

Quando começamos a enumerar nossas tragédias de cada dia percebemos que pouco ou quase nada se tem feito para minimizar a miséria humana ao nosso redor.

François de La Rochefoucauld afirmou com propriedade que “todos temos força suficiente para aguentar os infortúnios dos outros.” Mas, apenas quando provarmos de algum modo o infortúnio, aprenderemos a valorizar a felicidade simples de cada dia? Apenas quando sentirmos o beijo da morte aprenderemos a valorizar a vida?

C. S. Lewis nos lembra do quão importante é aprender lições das tragédias porque "fora de todos os eventos humanos, é só a tragédia que traz as pessoas para fora dos seus próprios desejos mesquinhos e na consciência de outros seres humanos".

“Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!” 2 Coríntios 1:3-4

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

QUEBRANDO O CÍRCULO



Era uma vez um casal que começou sua vida conjugal adotando um filho cujos pais haviam falecido. Este casal deu ao filho adotivo o nome de Janus e estavam felizes e cheios de esperança com o futuro dele, mas, dentro de algum tempo Janus faleceu. E isto aconteceu no exato dia em que aquele casal recebia nos braços seu filho Februus. A perda de Janus foi compensada em parte com a alegria que Februus trouxe ao casal.

Tristemente Februus também faleceu quando nascia o terceiro filho chamado de Marcius. E assim, a saga deste casal era sempre marcada pela chegada de um filho ao mesmo tempo em que falecia o outro. Marcius foi embora quando Aperina chegara. Aperina amava ver as flores se abrindo e era tão sonhadora quanto sua irmã May, que chegou quando esta dava seu último suspiro, o que também aconteceu com a tímida June, nascida em meio ao infortúnio da perda de May.

June faleceu quando seu irmão Julius deu seu primeiro choro e quando Julius faleceu depois das férias escolares do meio de ano, Augustus chegava com ar de menino sério. Ele foi diferente de seu irmão que nascera no dia de sua morte: Set. Este alegre menino gostava de flores e árvores coloridas, mas faleceu enquanto nascia seu irmão Octávius, observador e reservado como ele só. 

Depois nasceu Weber e, enquanto este falecia, nascia um menino de comportamento contraditório: às vezes ficava sério e preocupado e às vezes ria e se alegrava como se todas as tristezas se esvanecessem como mágica. Este era Décius que todos chamavam carinhosamente de Dedé.

Quando Décius morreu, sua mãe esperava outro bebê, mas a morte do 12º filho foi demais para aquele casal, que por sua vez sucumbiu diante da morte. O pequeno órfão foi imediatamente adotado por um casal amigo que, num gesto de carinho deu o nome ao pequeno de Janus. E a estória se repetiu e se repetiu exaustivamente ao longo da vida...

Esta estória é um retrato da realidade. De um ciclo que parece interminável...

A Bíblia relata no livro da gênese humana - Gênesis capítulo cinco - algo muito parecido. Desde Adão até Noé, a sequência inexorável da morte é algo triste de ser contemplado. 

Um após outro, os filhos de Deus vivem uma sequência com um fim mórbido: nascem, crescem, se casam, têm filhos e por fim morrem. Se lêssemos apressadamente Gênesis capítulo 5 e nada mais, não haveria motivo para alimentar qualquer esperança de um futuro diferente, que não passasse pela imutável sequência fatídica da vida e da morte. Mas há um fato que quebra este circulo vicioso da morte. No verso 23 lemos: “Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos”, e onde se esperava ler “e morreu”, como nos demais, lemos, todavia:” Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou.”

O ciclo vicioso da morte foi quebrado porque alguém andou com Deus todo o tempo e Deus o levou, não pela morte, mas o levou para continuar sua existência ao lado dEle.

Por tais coisas temos a esperança. E a Esperança é o combustível da vida. A Esperança é Jesus. O apóstolo Paulo fala do círculo virtuoso da esperança: "E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." Romanos 5:3-5.

Pelo poder do Espírito Santo precisamos fazer planos para que 2013 não seja mera repetição de 2012. Aqueles que não tem fé vivem na repetência de uma existência vazia, numa triste aplicação do que a Bíblia afirma: “O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.” Eclesiastes 1:9-10.

Segundo Lewis R. Walton, “tem-se dito que os que deixam de aprender da história estão fadados a repetir seus erros. Para os Adventistas do Sétimo Dia esta declaração é mais do que um clichê. É uma certeza”.