quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

QUANDO A RAZÃO PERDE A RAZÃO

Lembrando-me da série televisiva de ficção científica dos anos 60 (sei que muitos leitores nem haviam nascido ainda) Star Trek, conhecida no Brasil como Jornada nas Estrelas (a série original) vem à minha mente a figura exótica do meio-vulcano e meio-humano Spock interpretado por Leonard Nimoy.

Diante de algumas situações ou declarações nas quais estavam envolvidos os seres humanos da nave Enterprise, o primeiro oficial comandante Spock proferia algumas palavras, tais como: intrigante, fascinante e ilógico.

É intrigante e fascinante a capacidade humana de reagir diante do que acontece no mundo, no seu trabalho ou em sua casa. O ser humano, inquestionavelmente tem a capacidade de expressar seu contentamento ou desaprovação diante dos fatos e das palavras. Nesse quesito, nem todos somos capazes de agir ou reagir da forma adequada.

Um de meus professores de línguas bíblicas e língua portuguesa no Seminário de Teologia, o saudoso professor Pedro Apolinário, afirmava que, toleram-se os tropeços nas palavras, na linguagem coloquial do cotidiano, mas, jamais podem ser tolerados os tropeços de quem se dedica à arte de expressar-se através da linguagem escrita. Ele dizia: “o escrever torna (ou deve tornar) o homem preciso”.

Quando pessoas se apressam em emitir sua aprovação ou desaprovação, agrado ou desagrado diante dos fatos da vida, não se apercebem que podem até ser “precisas” em suas palavras, todavia, levianas quando os aspectos a serem considerados são as consequências de suas palavras.

Muitas vezes, um e-mail, carta ou outra forma de comunicação escrita (formal ou informal) pode causar uma repercussão desagradável e incontrolável. No passado, dizia-se que “as palavras são como um saco de penas lançadas do alto de uma montanha. Uma vez que alguém as lance, jamais conseguirá reuni-las, todas, outra vez”.

Neste mundo cibernético, podemos afirmar que um e-mail, mensagem ou post nas redes sociais, uma vez tendo sido apertada a tecla “enter” ou clicado “enviar” não pode mais ser controlado. Uma vez postado, ninguém tem mais controle sobre o que se postou. “Caiu na rede é peixe”, deu lugar a “caiu na rede é perigo”.

Alguém que, dentro dos seus direitos e sua privacidade, abre mão de coisas tão preciosas pelo simples impulso de “postar” palavras sem pensar, certamente poderia ouvir o veredito do inesquecível personagem de Nimoy: ilógico, uma das palavras prediletas de Spock. E assim a razão perde a razão!

Como afirmou Diogo Bercito, “a internet e os elefantes têm algo em comum: eles nunca esquecem!”.

"A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto." Pv 18:21